A denominada “Máfia das Carteiras Falsificadas”, que surgiu no
Departamento de Trânsito (Detran) de Ferraz de Vasconcelos, em São Paulo, e se
alastrou para diversos estados do Nordeste do Brasil, como o Piauí, e para
parte de Minas Gerais e do Estado do Rio de Janeiro, pode ter um braço na
cidade de São Fidélis, no Norte Fluminense. Pelo menos é o que indica as
investigações do Ministério Público Estadual (MPE), em Campos.
Em São Fidélis, pelo menos duas autoescolas estão arroladas nas
investigações. O nome do prefeito Luiz Fernando Fratani, o Fenemê (PMDB) e o do
vereador Jorge Henrique da Silva, o Jacozinho (PMDB), respectivamente donos das
autoescolas Boa Sorte e Jacozinho, são citados no inquérito.
De acordo com registro policial na 141ª Delegacia de Polícia de
São Fidélis, Jacozinho, teria ameaçado o supervisor do Detran no município,
Erick Lopes Guimarães. A ameaça também teria sido dirigida ao pai de Erick, o
também vereador Manoel Alves Guimarães (PR). As ameaças de Jacozinho teriam
surgido por ele ter deduzido que as denúncias sobre o derramamento de carteiras
irregulares tenha sido feita por Erick, pelo fato de ser o supervisor da
Ciretran em São Fidélis.
Motoristas
apenas perguntados se sabiam dirigir
De acordo com o depoimento da metade dos motoristas de São Fidélis,
portadores das CNHs irregulares, eles não frequentaram as aulas na autoescola
nem realizaram exames em qualquer órgão de trânsito, sendo que no caso da Autoescola
Boa Sorte apenas foi perguntado se saberiam dirigir. Apesar do nome da Autoescola
Jacozinho ter sido mencionado nas investigações, os depoentes ainda não teriam
indicado o nome da instituição como responsável pela venda da habilitação.
Outra metade
– A outra
metade dos motoristas de São Fidélis que já prestaram depoimento ao Ministério
Público teriam dito que foram a São Paulo para providenciar as CNH’s. Contudo,
não teriam explicado a coincidência de todos terem ido exatamente à cidade de
Ferraz de Vasconcelos. Outras perguntas feitas no MP, não teriam sido
respondidas, como qual foi ou quais teriam sido as autoescolas que buscaram no
estado de São Paulo. Nenhum dos investigados soube informar.
Carteiras
por R$ 3,5 mil
De acordo com o que já foi apurado por policiais do Grupo de Apoio
à Promotoria (GAP), do Ministério Público Estadual, as Carteiras de Habilitação
para dirigir carros e motocicletas foram vendidas por intermediação da Autoescola
Boa Sorte, em São Fidélis, por R$ 3,5 mil para custear as autorizações
provisórias para dirigir. Ainda de acordo com as investigações, mais R$ 1.400
teriam sido pagos por alguns motoristas que seria para assegurar a emissão da
troca da CNH definitiva, cuja emissão consta do município de Ferraz de
Vasconcelos (SP).
Somente em São Paulo, foram presos em 2008, 15 delegados e dezenas
de despachantes, gerentes e funcionários de auto escolas. O grupo criminoso
espalhou milhares de espelhos da CNH que teriam sido desviados de forma
criminosa do Detran do município de Ferraz de Vasconcelos.
Informações de O Diário