Hematologistas brasileiros que participaram do Congresso Anual de Hematologia realizado este mês em San Diego (EUA) fazem apelo: que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprove o uso do medicamento lenalidomida no Brasil. Indicada para quem sofre de mieloma múltiplo (tipo de câncer no sangue), a substância aumenta a sobrevida de três para oito anos.
O produto já foi aprovado em 75 países, inclusive nos EUA. “São comprimidos e podem ser tomados em casa. Evita-se o desgaste de o paciente ter que ser levado à unidade de saúde para dose intravenal, quando familiares têm que faltar ao trabalho”, diz o diretor da Associação Brasileira de Hematologia e Hemoterapia (ABHH), Carmino de Souza.
Segundo a médica da Santa Casa de São Paulo, Vânia Hungria, pacientes são prejudicados pela demora da Anvisa em conceder o registro, solicitado há três anos pelo fabricante, Zodiac Produtos Farmacêuticos. Um abaixo-assinado pedindo o registro com mais de 22 mil assinaturas coletadas pela International Myeloma Foundation Latin America já foi entregue à agência. Procurada por O DIA desde terça-feira, a Anvisa não explicou o motivo da demora.
Vânia alerta que, sem o registro, a droga tem sido importada de países como a Índia, sem comprovação médica. A paciente Maria Sarkis, 69 anos, faz tratamento há três anos e usa a lenalidomida importada há dois. O resultado tem sido bom, mas ela piorou quando tomou o medicamento vindo da Índia. Outro paciente, Raimundo Bruzzi, 62, ganhou na Justiça o direito de receber o remédio importado pela Secretaria de Saúde de São Paulo, mas o produto não teve eficácia como os de países com registro, como os EUA.
Doença é mais comum após os 60 anos
O mieloma múltiplo atinge principalmente pessoas com mais de 60 anos. Trata-se de um câncer que se desenvolve na medula óssea, devido ao crescimento descontrolado de células plasmáticas. Na fase inicial, a doença normalmente não causa sintomas. À medida que progride, os principais sinais são a diminuição da capacidade física, fadiga, fraqueza e, mais raramente, perda de peso. “Estes sintomas, muitas vezes, não são investigados porque são atribuídos à velhice”, explica Ângelo Maiolino, diretor da ABHH.
Fonte: O Dia Online