Estudo inédito mostra como bebês de apenas 1 ano ficam indignados com desigualdades.
POR CLARISSA MELLO.
Rio - Aos 15 meses, a pequena Alice não se importa de emprestar seus brinquedos favoritos. Ao contrário: faz questão de brincar com outras crianças e até oferece sua boneca predileta se vê uma amiguinha chorando, diz a mãe, Carolina Soares, orgulhosa. Mesmo tão novinha, Alice já tem o chamado “senso de justiça”: capacidade de perceber como o outro se sente em situações de alegria e tristeza.
Alice não é a única. Novo estudo, de pesquisadores da Universidade de Washington (EUA), mostrou pela primeira vez que bebezinhos de 1 ano e 3 meses — que mal sabem falar — já têm noção de ética.
“É, na realidade, a empatia — capacidade de se colocar no lugar do outro”, explica o psiquiatra infantil da UFRJ, Fábio Barbirato. “Essa característica se desenvolve nas áreas de percepção sensorial do cérebro. Aos 18 meses, a criança já tem essas áreas formadas”. Segundo ele, a empatia é uma herança genética. Até 2% das crianças e adolescentes de 5 a 17 anos não desenvolvem a característica sozinhos — precisam de um ‘empurrãozinho’ dos pais.
“Não é só fazer maldade. É fazer maldade e não se arrepender depois. Isso é um desvio de conduta que pode ser diagnosticado. A criança precisa ser ensinada para que não se torne um adolescente agressor”, diz Barbirato.
O psiquiatra ressalta que é possível estimular a empatia nos pequenos. “Neurônios podem se modificar. Se os pais ensinarem, a criança desenvolve a empatia”, afirma.
A receita é sempre deixar bem claro o que é certo e o que é errado. E mostrar o que o outro sente quando está triste ou alegre. Além disso, atos generosos devem ser elogiados. E os pais devem servir de modelo. “Se o pai agride e não se arrepende, como espera que o filho não faça o mesmo?”, questiona Barbirato.
Passo a passo do experimento
BISCOITOS
No colo das mães, bebês assistiram vídeos de adultos recebendo biscoitos.
MÁ DISTRIBUIÇÃO
Em um dos vídeos, adultos recebiam número igual de biscoitos. No outro, a divisão era injusta.
INTERESSE
Pesquisadores contabilizaram por quanto tempo os bebês olhavam para os vídeos.
CONCLUSÃO 1
Cenas que mostraram divisão desigual de biscoitos receberam maior atenção (e indigação) dos bebês.
BRINQUEDOS
Pesquisadores ofereciam brinquedos para as crianças que assistiram aos vídeos. Elas os aceitaram.
PEDIDO
Outro pesquisador entrava na sala e pedia pelo menos um dos brinquedos.
EMPRÉSTIMO
Dois terços das crianças emprestaram os brinquedos. Um terço não quis.
CONCLUSÃO 2
Justamente as cianças mais ‘chocadas’ com a divisão injusta de biscoitos tinham mais tendência a compartilhar brinquedos.
Alice não é a única. Novo estudo, de pesquisadores da Universidade de Washington (EUA), mostrou pela primeira vez que bebezinhos de 1 ano e 3 meses — que mal sabem falar — já têm noção de ética.
“É, na realidade, a empatia — capacidade de se colocar no lugar do outro”, explica o psiquiatra infantil da UFRJ, Fábio Barbirato. “Essa característica se desenvolve nas áreas de percepção sensorial do cérebro. Aos 18 meses, a criança já tem essas áreas formadas”. Segundo ele, a empatia é uma herança genética. Até 2% das crianças e adolescentes de 5 a 17 anos não desenvolvem a característica sozinhos — precisam de um ‘empurrãozinho’ dos pais.
“Não é só fazer maldade. É fazer maldade e não se arrepender depois. Isso é um desvio de conduta que pode ser diagnosticado. A criança precisa ser ensinada para que não se torne um adolescente agressor”, diz Barbirato.
O psiquiatra ressalta que é possível estimular a empatia nos pequenos. “Neurônios podem se modificar. Se os pais ensinarem, a criança desenvolve a empatia”, afirma.
A receita é sempre deixar bem claro o que é certo e o que é errado. E mostrar o que o outro sente quando está triste ou alegre. Além disso, atos generosos devem ser elogiados. E os pais devem servir de modelo. “Se o pai agride e não se arrepende, como espera que o filho não faça o mesmo?”, questiona Barbirato.
Passo a passo do experimento
BISCOITOS
No colo das mães, bebês assistiram vídeos de adultos recebendo biscoitos.
MÁ DISTRIBUIÇÃO
Em um dos vídeos, adultos recebiam número igual de biscoitos. No outro, a divisão era injusta.
INTERESSE
Pesquisadores contabilizaram por quanto tempo os bebês olhavam para os vídeos.
CONCLUSÃO 1
Cenas que mostraram divisão desigual de biscoitos receberam maior atenção (e indigação) dos bebês.
BRINQUEDOS
Pesquisadores ofereciam brinquedos para as crianças que assistiram aos vídeos. Elas os aceitaram.
PEDIDO
Outro pesquisador entrava na sala e pedia pelo menos um dos brinquedos.
EMPRÉSTIMO
Dois terços das crianças emprestaram os brinquedos. Um terço não quis.
CONCLUSÃO 2
Justamente as cianças mais ‘chocadas’ com a divisão injusta de biscoitos tinham mais tendência a compartilhar brinquedos.
O Dia